Saturday, December 23, 2006

Le mot and the words



Ah… Meu amigo, penso que te apaixonas por palavras… Nada mais do que isso, apaixonaste-te por palavras e estas toldaram-te o raciocínio. Em seguida, as palavras irão destruir-te e lamentarás amargamente teres-te entregue a elas de forma tão irreflectida. Verás que o Amor por palavras é o mais ingrato de todos. Em breve as palavras te deixarão só e então vais sofrer o que não sofreu Dante por Beatriz. Verás, em breve as palavras se esconderão algures, algures onde as cegonhas fazem os ninhos, lá longe num canto assombrado, num jardim das maravilhas que nunca visitarás, num jardim onde a tua Alice constrói, palavra a palavra, o vosso castelo de cartas, o vosso palácio que em breve se desmoronará e, então, quem mais irá sofrer serás tu, e não as palavras que te trazem doido, que te deixam eufórico, as palavras que nunca te li, porque não é teu mister escrevê-las.

Regressa para nós, regressa antes que seja tarde, regressa com as tuas memórias feitas de sangue, ópio e asfalto, regressa antes que te seja tarde de mais e as palavras te consumam a vida, “the will”, letra a letra, verbo a verbo, paráfrase a paráfrase. Regressa com a “wit” dos britânicos, regressa com a verve dos lusitanos, regressa com a fúria da escrita que se faz “blunt” a cada espaço que preenches luminoso de noite, grávido de Lua, regressa e dá-nos a morte que escondes de nós e de ti sem nunca deixares de por ela ansiar, mantendo essa clarividência que há muito te ensinei, essa certeza de “business as usual” a que nos habituaste.

“Time is Money, don’t be an idiot.” Porque será que sei que não o farás? Sei que estás cego e não me acreditarás. Meu amigo, rogo-te, ainda não é tarde demais. Olha-te no espelho e percebe de uma vez, os ingleses é que têm razão: “You are in to deep already, get out, get out, get out before you get hurt in that spider trap somebody decided to lay down for you.”E lamento-te, embora admire essa entrega incondicional, a verdade é que não consigo entender o que viste nas palavras, não logro descortinar nesse teu mistério qualquer justeza. Escondes-te de nós e adoras as palavras como se estas não fossem apenas “a means to an end”.

Não vês que as palavras são como as andorinhas? Não vês que são livres de ir e vir, sempre que o Sol brilha noutras partes do Mundo e as andorinhas decidem que as palavras nada são senão “a means to an end”? Ah… Meu amigo, apaixonaste-te por palavras…

Ne t’inquiète pas mon ami. Ce vrai, je suis tombé amoureux. Peut-être, mon cher, peut-être je suis tombé amoureux seulement par de mots, et rien que de mots. What can I say? Une chose je peut te dire: je ne peux pas retourner. Les mots de ce type la, de ce type que j'obtiens quand elle les écrit, valent la peine d'être amoureux avec. La vérité, tu sais, ne pas que ça: «Nos deux cœurs seront deux vastes flambeaux, Qui réfléchiront leurs doubles lumières. Dans nos deux esprits, ces miroirs jumeaux.» Et les mots, mon ami, elles remplissent mon coeur de telles émotions que je ne m'inquiète pas si je vole ou si je meurs au-dessus d'elles. Non, ça ne m'inquiète pas.