Tuesday, December 26, 2006

As palavras fugiram

Vês? Eu avisei-te, não te avisei? Eu não te disse que as palavras iam fugir-te e que irias ficar só em muito pouco tempo? Foi preciso ainda menos tempo do que o que te tinha previsto. As palavras fugiram-te e agora nada há a fazer. Há, há muito a fazer. Não é a primeira vez que as palavras me fogem... Sim, isso é verdade, mas tu próprio dizias que estas palavras eram diferentes de todas as outras, dizias que estas palavras eram de uma beleza rara, eram palavras de uma clarividência luminosa como nunca tinhas encontrado e agora... Deixaram-te. Assustaste as palavras com os teus modos rudes de pseudo escritor brigão embriagado. Quem te mandou escrever sob a influência do álcool? Quem te disse para desferires socos em palavras que deverias ter tratado com punhos de renda? Terás razão. Mas é como te digo, não é a primeira vez que as palavras me desertam. Não é a primeira vez que se escondem de mim e como sabes eu também já o previra logo da primeira vez que as lera. E agora? O que vais fazer agora? Agora, vou em busca de outras palavras. Outros modos de passar ao papel as ideias e os sentimentos. Agora, vou, por exemplo, terminar isto.